Ato no Recife conscientiza sobre o uso de cerol e linha chilena
As linhas cortantes podem causar graves ferimentos. Foto: Alexandre Lopes/ Especial para o JC Editoria Cidades |
O evento acontece pouco mais de um mês da aprovação na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) da lei que proíbe o uso de todas as linhas cortantes. O texto, de autoria do deputado estadual Romero Sales Filho (PTB), expande a norma de 2001 que já tornava ilegal o cerol, mistura feita à base de vidro e cola. O código estabelece uma multa de R$ 1.000 para infratores, e o dobro do valor em caso de reincidência.
Apesar do avanço na legislação, quem anda de moto ainda se queixa da falta de controle. “É preciso que as autoridades tenham mais empenho na fiscalização para não existir mais essa prática. Se alguma atitude fosse tomada, não haveria incidência”, ressata um dos organizadores do protesto, Vinicius Alvino, 27 anos.
Por serem cobertos com substâncias como pó de ferro, quartzo moído e óxido de alumínio, os artefatos podem causar graves ferimentos. Na velocidade em que trafegam os veículos, a linha chilena – mais resistente que o cerol – tem capacidade para cortar desde a antena de proteção da moto até a lataria de carros ou caminhões.
Em dezembro, um motociclista de 38 anos morreu após ser atingido no pescoço por uma corda com cerol na BR-101, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife (RMR). “É um sentimento de insegurança. No trânsito, a gente já corre perigo. Quando você tem um agente externo que aumenta a probabilidade de morte, você fica com medo. Tem risco de morrer pelo corte da linha, ou pelo acidente que pode ser causado pelo envolvimento com ela, de cair, de bater”, relata Vinicius Alvino.
O entregador Sandoval Santos Júnior, 36, por exemplo, teve a mão cortada com cerol enquanto dirigia. “Minha sorte é que eu estava a uns 40 km/h. Quando vi, a linha já pegou no meu pescoço e eu tirei com a mão rapidamente. Tive sorte”, conta. O motociclista também cobra maior rigidez da lei.
Para Vinicius Alvino, a solução está em retirar os empinadores de perto das vias. “Conversei com alguns e eles se mostraram conscientes em relação ao problema. Mas dizem que não existe local adequado para a prática. Eles falam que deveria ter um lugar seguro em que não houvesse risco à população”, diz.
O Corpo de Bombeiros faz várias recomendações a quem empina pipas. A principal é não utilizar linhas cortantes. Brincar longe de rede elétrica, evitar dias de chuva e lugares movimentados, próximo a passagem de veículos, também minimizam o risco de acidentes.
Quando questionada, a Secretaria Estadual de Defesa Social (SDS) não respondeu sobre a fiscalização. Em nota, disse que "em caso de lesões provocadas pelo uso irregular desse tipo de produto, a Polícia Civil é a instituição competente para investigar e buscar punição para os responsáveis". Solicitou, ainda, a colaboração da população para não "adquirir nem utilizar indevidamente esse tipo de produto perigoso e, caso essa conduta seja detectada, denuncie às forças policiais".
Confira a nota da SDS na íntegra
"A SDS informa que, de acordo com a Lei Estadual Nº 11.931, de 3 de janeiro de 2001, prevê a fiscalização e a instauração de inquérito policial nas situações cabíveis de uso de cerol ou outro material cortante em pipas. Em caso de lesões provocadas pelo uso irregular desse tipo de produto, a Polícia Civil é a instituição competente para investigar e buscar punição para os responsáveis. As polícias solicitam a colaboração da população no sentido de não adquirir nem utilizar indevidamente esse tipo de produto perigoso e, caso essa conduta seja detectada, denuncie às forças policiais."
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