Atriz está em cartaz este final de semana em teatro da Zona Sul
Bruno AlbertimAtriz contracena com Leandro da Matta Divulgação |
Fabiana Karla já não precisa de mais provas públicas. Depois do exercício de contenção elegante na peça Gorda – a comédia ácida sobre os preconceitos contemporâneos contra o sobrepeso do cultuado dramaturgo americano Neil Labute –, e da polivalente Perséfone do folhetim global Amor à vida, a atriz pernambucana parece já ter dado mais do que provas de que não se presta apenas aos eternos humorísticos para toda a família dos sábados à noite. Mas ela ainda quer fazer, no teatro, o que nem sempre a TV lhe permite.
“No palco, eu me dou o direito de fazer o que eu não posso fazer na TV. Nos humorísticos, sempre faço personagens mais histriônicos. No teatro, posso e consigo fazer personagens mais críveis”, diz ela, que injeta boa dose de seu humor habitual num projeto amparado também em sutilezas. Depois de algumas apresentações apenas na Bahia e em Goiás, Fabiana Karla encena, este final de semana, no Teatro Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu), o espetáculo Nessa mesa de bar, uma homenagem dramatúrgica e musical a Reginaldo Rossi.
Escrito em parceria com o primo e dramaturgo Francisco Amorim, o texto traz Fabiana Karla fazendo Alice, uma moça que invade um bar fechado, no centro da cidade, na esperança de ser atendida por alguém. Enquanto insiste em curar suas carências no bar, a personagem faz um passeio sentimental pela obra de Rossi. Sobre uma base gravada, a própria atriz canta os principais sucessos do compositor pernambucano, morto no final do ano passado.
“Eu canto o espetáculo todo. Não tenho pretensão alguma de ser cantora, mas levo a sério. Me preparei porque não quero que ninguém me veja com voz de Chiquititas”, diz, desabando em gargalhadas. “Na peça, quando canto, lembro muito da Soparia, de Roger, aquela atmosfera que a gente ia, nos anos 1990, dançava. Deixei uma luz no show que parecesse com a que Rossi usasse”, afirma, tateando seus caminhos como cantora. “É uma delícia, uma brincadeira divertida. Mas quando o povo começa a cantar junto, a levantar os braços e a bater palmas, só Jesus na causa!”, diz, entre novas gargalhadas.
O Recife, contudo, será uma espécie de batismo de fogo para o espetáculo. “Estou super feliz de só levar a peça depois de ter esquentado o espetáculo em outras cidades; é impressionante a popularidade dele no Brasil todo, mas o pernambucano tem uma espécie de autoridade maior quando o assunto é Rossi”, diz ela, antiga amiga pessoal do cantor e compositor. “A última vez que o vi foi no meu aniversário do ano passado. Cheguei a gravar com ele uma participação no Zorra Total. Mas, infelizmente, essa gravação teve problemas técnicos e se perdeu”.
Saudavelmente hiperativa, Fabiana está numa série de projetos. Acaba de gravar o piloto de um humorístico dirigido por Boninho chamado A casa caiu e também participa da reformulação do Zorra Total. Enquanto aguarda a estreia do filme Loucas pra casar, comédia água com açúcar em que atua ao lado de Tatá Werneck e Ingrid Guimarães, espera ficar pronto o roteiro de outra comédia para o cinema, provisoriamente batizada de Uma pitada de sorte.
E está concluindo seu primeiro projeto como diretora no cinema: o documentário O caso Dionísio Dias. “É uma espécie de lenda urbana do interior do Uruguai que conheci quando estava lá, com meu marido. Uma história muito forte, que se conta até nos circos, sobre um menino de mais ou menos oito anos de idade, que teve toda a família assassinada e salvou uma irmã mais nova. Teve a barriga aberta e saiu caminhando nove quilômetros para salvar essa menina, com as tripas expostas”, conta. “Conheci essa menina, hoje uma senhora de 80 anos”.
Mas sua prioridade, agora, é mesmo Rossi. “Fico impressionada sobre como as pessoas não entendem a profundidade das letras de Rossi”, diz ela, com a certeza daquilo o que o tempo deve ainda confirmar sobre o compositor. Mais que um animador de bailes ou cura-fossas, Rossi foi, ao seu jeito, um Freud musicado das massas.
Nessa mesa de bar – Em homenagem ao cantor Reginaldo Rossi. Com Fabiana Karla e Leandro da Matta. Teatro Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu). Sábado (15/11), às 21h; domingo, às 20h. Ingressos: R$ 80 e R$ 40 (meia) Mais informações: 3355-9821.
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