Mostra 'Religiosidade e política na obra de Renato Valle' apresenta cerca de 30 obras, entre desenhos e instalações tridimensionais |
Obra A filha da monga, realizada originalmente em 2005 e cedida pelo Mamam para a mostra na Galeria Janete Costa. Crédito: Renato Valle/Divulgação |
Por: Isabelle Barros
O artista visual Renato Valle usou seu talento com o desenho e com a composição com objetos e instalações para traçar um caminho muito particular em sua trajetória. A exposição Religiosidade e política na obra de Renato Valle, traz um recorte específico de sua produção com cerca de 30 obras criadas a partir de 2002. Elas variam entre desenhos em grande formato, com quase cinco metros de largura, a obras com cinco centímetros. A mostra, com curadoria de Valquíria Farias, tem abertura no dia 31 de maio e segue até 23 de julho na Galeria Janete Costa, localizada no Parque Dona Lindu.
Mesmo tendo quase quarenta anos de carreira e experimentado também a pintura como forma expressiva, foi a partir do desenho e das instalações que a produção de Renato se destacou na última década. Cronologicamente, a obra mais antiga da exposição é a série Diário de votos e ex-votos, desenvolvida entre 2003 e 2005. São 250 pastas com 5 mil desenhos de 5cm x 5cm, em um trabalho diário que emulou os pedidos e agradecimentos feitos pelos homens e mulheres do interior agarrados à fé católica. “Ao mesmo tempo em que enfatizam a espiritualidade dele, os desenhos são como uma escritura leve de pequenas engrenagens, ligando partes do corpo humano, minuciosamente construídas em cima de certos valores religiosos que incomodam Renato”, avalia a curadora da mostra.
Segundo Renato, “a exposição lida com os conceitos de micropolítica e religiosidade, que é o sentimento em relação ao outro. Eu não posso me ligar ao divino se eu não me ligar ao humano”. A pesquisa realizada no Diário de votos e ex-votos foi aprofundada na mostra Cristos e anticristos, realizada em 2012 no Centro de Artes e Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco. Essa foi a primeira incursão de Renato na tridimensionalidade, com esculturas e objetos.
Centenas de imagens de Cristo crucificado foram confeccionadas com resina pigmentada em branco e preto, trazendo de forma concreta a dualidade entre luz e sombra, bem e mal, a fé e sua exploração. Os objetos foram confeccionados em vários tamanhos e despidos de sua função religiosa a serem dispostos em formas geométricas variadas. Um exemplo disso é a série Colmeia, na qual os crucifixos foram dispostos de forma hexagonal. Na série Nado sincronizado, por sua vez, os crucifixos foram distribuídos de forma lúdica, distante do peso atribuído a eles pela religião.
Outro destaque da exposição é a obra A filha da monga (2005), adquirida por meio de um consórcio e doada para o Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (MAMAM). Feita em grafite sobre lona e com dimensões de 2,1m de altura x 4,5m de largura, a obra impressiona pelo tamanho, assim como outro trabalho feito pelo artista, Cachorro morto, de 2009. Como várias dessas obras foram cedidads por instituições e colecionadores, o artista não deixa de a agradecê-los. “Eles são fundamentais para o circuito de arte”, assinala.
SERVIÇO
Exposição Religiosidade e Política na obra de Renato Valle
Abertura: 31 de julho (quarta) às 19h
Onde: Galeria Janete Costa - Parque Dona Lindu, s/n, Boa Viagem
Visitação: Quarta a sexta, das 12h às 20h; sábados e domingos, das 14h às 20h, até 23 de julho
Entrada gratuita
Informações: 3355-9825
Fonte: http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/viver/2017/05/31/internas_viver,706429/galeria-janete-costa-no-parque-dona-lindu-recebe-exposicao-de-renato.shtml
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