domingo, 26 de janeiro de 2014

Exposição Demasiadamente simples entra em cartaz no Dona Lindu

Artista plástico transforma em museu a sala de estar da própria residência: ele levou tudo para ser exposto na Galeria Janete Costa

Júlio Cavani - Diario de Pernambuco


Ao deslocar a sala para o museu, Joelson cria um não-lugar. Foto: Alcione Ferreira/DP/D.A Press
Ao deslocar a sala para o museu, Joelson cria um não-lugar. Foto: Alcione Ferreira/DP/D.A Press

“Tenho um ritmo de vida lerdo”, revela Joelson. “Não participo dessa guerra de carros, prédios e pessoas. Faço tudo no meu ateliê, no Poço da Panela, onde trabalho, leio, me alimento e recebo meus amigos”, garante o artista, cujo estilo de vida vira peça de museu na exposição Demasiadamente simples, em cartaz a partir desta quinta-feira (23) na Galeria Janete Costa do Parque Dona Lindu, com abertura às 19h.

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A sala principal da casa de Joelson foi transportada para o meio do salão principal do espaço projetado por Oscar Niemeyer, em Boa Viagem, no Recife. Todos os objetos foram levados para o local, em uma área retangular com apenas duas paredes. No chão, há a reprodução de um piso de ladrilhos hidráulicos.

A principal diferença em relação ao ambiente original onde vive Joelson é a cor. Na exposição, tudo está coberto de verde. “Não sinto que é minha casa. Não me identifico com isso. Tem uma melancolia, uma forma de existir, que não sou eu”, diferencia.

 (Alcione Ferreira/DP/D.A Press )

Ao deslocar a sala para o museu e cobrir tudo de verde, portanto, o artista cria praticamente um não-lugar. “É a planta da minha casa, mas é uma obra inédita”, confronta. “É um pouco sobre o sentido da arte hoje. É um adjetivo de intensidade”, interpreta Joana d’Arc Lima, diretora da galeria, que convidou Joelson para desenvolver o projeto.

“É a estética da resistência, são as atitudes éticas”, discute a curadora. O título é inspirado no livro Humano, demasiado humano, de Friedrich Nietzsche. “De demasiadamente simples eu não tenho nada, mas é uma busca constante”, esclarece Joelson.

No meio do amplo espaço arquitetônico da galeria, a casa verde de Joelson parece estar em um deserto branco. “Não quero brigar com Niemeyer. Ocupo meu lugar isolado. Prefiro negar essa galeria, que parece um saguão de edifício.” Um dos objetos apresentados é uma escada que leva a lugar nenhum.

Serviço

Demasiadamente simples, exposição de Joelson
Abertura: Quinta-feira (23), às 19h
Onde: Galeria Janete Costa (Parque Dona Lindu, Avenida Boa Viagem)
Quando: em cartaz até 23 de fevereiro. De quarta a sexta, das 12h às 20h. Sábados e domingos, das 14h às 20h.
Informações: 3355-9832

Da casa à arte

Outros artistas desfrutaram a experiência de transformar peças da casa em arte para ser apreciada

Em 2004, o artista pernambucano Paulo Bruscky ganhou uma sala especial na Bienal de São Paulo. No lugar de apresentar obras do artista, o local recebeu todos os objetos que ele guardava em seu ateliê no Recife. O espaço era rigorosa reprodução de seu ambiente de trabalho, que foi transportado e remontado no pavilhão da exposição.

Em 2006, Fernando Peres morava em imóvel conhecido como “A Menor Casa de Olinda”. No São de Artes Plásticas de Pernambuco, ele transportou os objetos que guardava para o Museu de Arte Contemporânea (MAC), até cama e geladeira, e chegou a dormir na exposição. Apesar da diferença entre as dimensões dos ambientes, não sobrou espaço no MAC.

Fonte: http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/viver/2014/01/23/internas_viver,485734/exposicao-em-demasiadamente-simples-em-entra-em-cartaz-no-dona-lindu.shtml

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